talvez um dia


Em que estátua te transformaste, Peter, em que boneco imóvel, pintado!  Todas estas tardes de sol - esta eterna tarde de sol - aqui nos sentamos juntos nesta varanda. Eu, cansada, escrevia mais uma pagina do meu livro, e tu , de calções apanhando banhos de sol, mas sem reparares nem no sol, nem nas árvores, nem nesta belíssima paisagem de Atenas, nem sequer virando um pouco a cabeça para te lembrares que estou junto a ti, Peter, se me dirigires uma palavra que for, eu reparo. Estou atrás de ti Peter atenta a cada passo teu, enquanto tu, debruçado no parapeito branco, exibes os teus músculos sem mostrares qualquer pudor. Mas, eu não existo, Peter. O facto é que ela esta por casa, e, por isso, começas a agir de maneira diferente, isolas-te de tudo, e principalmente de mim. Ela provoca-te um efeito completamente devastador.
O Peter, que dantes conheci, desvaneceu.
Sinto-me vazia, sozinha, perdida e sem qualquer rumo. Peter, acorda desse hipnotismo, eu necessito de ti, podias, apenas, olhar 1 minuto para mim, e, sorrires.
Ficas aqui preso, só para a ver chegar. Aquele corpo para ti não tem segredos: conheces-lhe a cicatriz na barriga, a sua tatuagem, os seus gostos sexuais.
E agora, pergunto eu, será que ela repara em ti? Como eu reparo? São perguntas as quais nunca me irás responder, porque mudas-te, sim, mudas-te.
Ainda me lembro, uma vez havias-me prometido, que nunca me irás deixar.

Onde estás tu agora? - é a pergunta que mais tenho feito ao longo deste tempo - partis-te, embora que, o teu corpo ainda esteja comigo, mas, o teu pensamento está noutro lugar, decerto na casa da frente.
Nunca reparas-te, nem irás reparar. Se algum dia voltares a acordar, eu estarei aqui, para ti...


Adeus Peter

P.s-> Talvez um dia me percebas.

Não existe.

Hoje estou na praia totalmente sozinha, não quis a companhia de ninguém porque sei que também não iria ser uma boa companhia. Vejo os pequenos entusiasmados por irem surfar, o instrutor sempre atento para ver se algum deles falha, o nadador salvador a observar toda a praia e lá no fundo vê-se um veleiro, como eu queria estar lá dentro e partir para bem longe!
Sentei-me na areia e comecei a pensar nas coisas mais estúpidas que podem existir. Algum dia pensaram se o tão dito “amor perfeito” é verdade ou não? Hoje dei voltas e voltas a minha cabeça sobre isso, e para ser sincera ainda não consegui concluir nada. O esterotipo do amor prefeito que inúmeras pessoas tendem a fazer é simplesmente absurdo! Se houvesse um amor prefeito eu teria sido feliz e não fui, não consegui sê-lo, tentei milhares de vezes superar as crises que tivemos mas em vão.. Eu apenas queria alguém que me torna-se especial, que me fizesse sentir amada, mas tu sempre te preocupas-te mais com o trabalho do que comigo. Comecei-me a tornar a tua segunda ou terceira opção, deixavas-me sempre sozinha e quando chegavas tudo o que dizias tinha de estar bem, tudo o que tu fazias tinha de ser bom e eu sempre te apoiei mesmo sabendo que não era a tua prioridade. Mas com a erosão dos dias fui ficando cansada de não ser amada e tinha de por o ponto final a nossa história, e foi a coisa mais acertada que fiz, eu sabia que ia doer mas nesta altura a dor já é algo que vive em mim a algum tempo(...)
Agora o amor que sentia por ti desvaneceu por completo e estou muito mais feliz assim, tenho pena de agora tu quereres uma vida estável e para mim essa já não resulta, já não sou aquela jovem com quem tives-te um caso, agora, sim agora, tornei-me numa grande mulher e grandes mulheres não choram por causas perdidas. Se resta algo da nossa relação é apenas, nada, sim o nada(...)
(...) cheguei a conclusão que não existe um amor perfeito, nem príncipes encantados como dizem, são apenas ilusões com que todas sonhamos...